sexta-feira, 27 de maio de 2011

DIA DA FESTA *-*

Eram 20h00min quando a Ciça chegou na minha casa.
Ela subiu as escadas e foi até o meu quarto ver como eu estava.
Tínhamos passado a tarde no shopping procurando algo legal pra eu usar e achamos um vestidinho lindo e simples do jeito que eu gostava. A Ciça teria ficado satisfeita se não fosse o fato de eu me negar e usar saltos e ter preferido usar o meu bom e velho all star branco e ela ainda não havia se conformado com isso. Mesmo assim, ao chegar ao meu quarto e me ver usando o tênis junto com o vestido, a expressão dela não foi das piores.
_ Até que não ficou tão ruim... _ Disse me olhando de cima em baixo _ É óbvio que eu ainda preferia aquela sandália rosa que vimos no shopping, ou pelo menos uma sapatilha, já que você é avessa a saltos, mas uma vez que nada te fez desistir de usar esse tênis, eu acho que posso me conformar.
Dei um sorriso pra minha amiga e uma última olhada no espelho, antes de ela me apressar por causa do horário e desci. Ouvi uns elogios da minha mãe, uns resmungos do meu pai e umas implicâncias do meu irmão na hora de me despedir e entrei no carro da mãe da Ciça.
Eram 20h30min quando Ciça e eu chegamos à casa de Beatrice.
A festa estava lotada. No mínimo metade do colégio tinha comparecido naquela noite e meu príncipe provavelmente estava ali, em algum canto da casa.
Minha felicidade inicial se deu assim que avistei Beatrice no portão... Claro que não por vê-la, isso era óbvio, mas por saber que naquele momento ela não estava pendurada no pescoço do Pedro. O que também não mudava o fato de que outras tantas garotas do colégio poderiam estar fazendo isso por ela. Tentei relaxar e não pensar muito no assunto, afinal eu não fazia bem o tipo rainha do baile e estava na festa dos populares na casa da Beatrice o que já era bem preocupante pra mim.
A dona da casa usava um vestido tubinho preto, saltos e tinha seus cabelos loiros presos num rabo-de-cavalo. Era a verdadeira tentação para os meninos, confesso. E eu... Bem, não precisamos falar de mim, não é mesmo?
Beatrice parecia dar instruções aos seguranças quando Ciça e eu descemos do carro. Ela deu uma boa olhada na Ciça e não pareceu nada contente por saber que teria com quem competir a vaga de musa da noite, já que minha amiga, também estava linda.
Depois foi a minha vez de ser olhada. Ela me olhou bem, fez cara de quem sentia pena, deu um sorriso debochado e entrou.
_Que vaca! _ Falamos em coro ainda olhando pro portão onde ela tinha acabado de desaparecer.
_ Bem... Vamos entrar? _ Ciça perguntou sorrindo.
Não respondi.
_ Morango? _ Ela tinha se virado pra me olhar.
_ Fale a verdade. Eu estou horrível, não estou?
_ Ta horrível nada Morango. Ta linda!
Dei uma olhada desconfiada pra ela.
_ Jura?
_ E desde quando eu sou de falar mentira amiga? Ainda mais quando o assunto é roupa. Jamais te deixaria sair com uma roupa feia ou fora de moda. Você sabe bem disso.
É, era um fato. A Ciça jamais me deixaria sair se achasse que a roupa que eu usaria fosse feia. Estava convencida.
_ E então? Pronta?
_ Não. _ disse ainda insegura.
Ciça riu me puxando pelo braço em direção ao portão.
_ Mas vamos entrar mesmo assim. E muda essa cara. Você não está indo pra forca.
Foram suas palavras finais.
Chegando ao portão Ciça deu nossos nomes ao segurança que os achou rapidamente na lista, liberando nossa entrada.
Minha visão inicial foi a de um quintal gramado com coqueiros e postes de luz de diversas cores que iluminavam um caminho de pedras no chão. O caminho de pedras e os postes de luz iam do portão de entrada até a varanda de acesso à casa que era tão imensa a ponto de eu não fazer idéia do número de cômodos que ela possuía.
O quintal, é claro, tinha pessoas. Muitas pessoas, aliás. Bem mais do que eu achei que teria mesmo vendo o movimento do lado de fora.
_Não era uma festa fechada?
_ Era pra ser né? Mas cada líder de torcida, jogadores do time que estão se despedindo hoje e os novos jogadores que serão apresentados podem trazer quantos acompanhantes quiserem.
_ É, isso explica a situação... Mas e os pais dela? Não se incomodam?
_ Os pais dela estão viajando.
Minha nossa. Os meus me matariam. .-.
Bem nessa hora os meninos do time de natação passaram pela gente acenando e sorrindo. Dois pararam pra cumprimentar a Ciça. Um era loiro alto e o outro era moreno e um pouco mais baixo. Não pareciam esnobes. Na verdade eram bem agradáveis.
_ Como vai minha líder de torcida favorita? _ Disse o loiro dando um beijo na bochecha dela e sorrindo.
_ Sua não Beto. Nossa. _ Disse o moreno sorrindo também.
Ciça sorriu.
_ Estou bem. Só não deixem a Beatrice ouvir isso.
_ Aah, claro, pode deixar. Não queremos que isso aqui vire um caso policial não é mesmo?
_ Com certeza não Igor. Ela poderia nos atacar com seus super passos assassinos de líder de torcida. Isso seria perigoso.
Todos nós rimos dessa vez e os dois me olharam.
_ Você não é aquela menina que encarou a professora de Biologia? _ Disse o Igor, olhando pra mim.
_ É ela sim Igor. Morango não é?
_É. Morango. _ Falei surpresa com o reconhecimento.
_ Prazer, sou o Beto. _ Disse o loiro apertando minhas mãos. _ Sou seu fã.
_ Prazer, Igor. _ Disse o moreno em seguida. _ Que coragem! Você vai virar lenda. Também sou muito seu fã.
Fiquei vermelha, claro.
Que surreal! Por um louco mal entendido ali estava eu na festa dos populares sendo reconhecida e com dois gatos da natação (não mais gatos que o Pedro que, aliás, eu ainda não havia visto, mas que eram gatos) dizendo serem meus fãs. Tá legal, acho que eu poderia aprender a viver com isso.
_ Aaah, entendi o porquê do apelido. _ Disse o Beto.
_ É. A Morango tem tendência a ficar vermelha com facilidade e ainda tem as sardas. Combina bem com ela o apelido. _ Ciça explicou.
Nessa hora um dos meninos da natação voltou pra chamar o Beto e o Igor, nos cumprimentou e avisou que a Beatrice estava procurando a Ciça. No despedimos com um “a gente se vê por aí” e assim que eles saíram Beatrice saiu de dentro da casa com mais duas líderes de torcida e se aproximaram de nós.
_ Olá Ciça! _ Disse no tom mais falso que conseguiu.
_ Oi Beatrice.
_ Chegaram os uniformes novos e os convidados estão pedindo para animarmos o lugar. Vamos nos apresentar e você tem que trocar de roupa.
Ô-ôu. Isso queria dizer que eu ficaria sozinha?
_ Vamos nos apresentar hoje? _ Ciça perguntou surpresa. _ Ninguém avisou nada!
_ Pois é querida. É uma surpresa pra todas nós, mas quando o público pede, a gente anima. É o nosso compromisso! Se não está satisfeita, peça pra sair da equipe.
_ Sei que esse é o sonho da sua vida, mas não vou realizá-lo pra você. _ Ciça respondeu debochada. _ Onde as meninas estão se trocando?
_ No quarto de hóspedes ao lado do meu. Levo você até lá.
Ciça se virou pra mim e notou meu desespero.
_ Amiga, desculpa. Vou ter que ir. Você vai ficar bem?
_ Aaah, vou ficar legal. Pode ir tranqüila. _ Tentei responder num tom despreocupado.
Não convenci, mas a Ciça teve que ir mesmo assim, preocupada.
Pronto! Mal havia chegado à festa e já estava sozinha.
Tentei manter a calma. E agora? O que fazer?
Resolvi dar umas voltas pra ver se via o Pedro e me surpreendi quando algumas pessoas acenaram pra mim ou chamaram meu nome.
Rodei a festa quase toda e não o vi...
Meu Deus! Onde será que estaria esse garoto?
Não ouvi nenhuma resposta vinda do céu, mas ouvi os gritos frenéticos da galera enquanto as líderes de torcida saíam animadas da casa em direção ao meio do quintal.
Beatrice na frente guiava as outras que estavam pulando freneticamente exceto por Ciça que parecia me procurar com os olhos.
Todos os convidados as acompanhavam como uma procissão, a espera do inicio da cerimônia de despedida e de boas vindas dos jogadores do time de futebol da escola.
Com certeza agora o Pedro teria que aparecer. Ele era o capitão do time e provavelmente seria ele que apresentaria os novos jogadores...
Quando resolvi me aproximar do grande número de pessoas que se concentravam no meio do gramado, meu celular tocou.
Era a minha mãe.
Mudei totalmente de direção buscando um lugar silencioso para atender, mas dentro da casa ainda havia pessoas, então fui seguindo pela lateral num caminho estreito entre a parede da casa e o muro (dando de cara, é claro, com alguns casais.) até quase chegar aos fundos do quintal onde não havia mais ninguém.
Atendi enquanto ainda andava distraída pra onde o barulho parecia distante e ela só queria saber a que horas voltaríamos pra casa. A conversa foi rápida, então desliguei rápido o celular e acabei me tocando de onde estava... Era simplesmente liiindo!
Os postes de luz iluminavam um novo caminho que levava até um jardim que parecia ter todos os tipos de flores com todos os tipos de cores e aromas. Esse caminho continuava composto por pedras e dava a volta em um pequeno lago bem no meio do jardim com peixes e um chafariz de pedra com a estátua de dois cisnes e depois do laguinho, no fim do jardim, se encontrava um pequeno balanço entre dois banquinhos de madeira terminando de compor o lugar.
Fiquei maravilhada com tudo. Parecia um paraíso!
Pisquei várias vezes pra ver se não era um sonho, porque de verdade, o jardim parecia muito com o jardim que vinha ocupando meus sonhos ultimamente, mas não era. Tudo era real e maravilhoso.
Eu poderia passar o resto daquela noite ali e mais um pouco. Dava uma sensação de paz que me fez esquecer completamente que aquele lugar pertencia à casa de Beatrice.
Me aproximei do lago e me abaixei para olhar melhor os peixes, que eram lindos.
_ Alguém poderia te derrubar aí dentro se quisesse, sabia?
Me assustei. Havia alguém ali e eu nem tinha notado. Minha sensação de paz se foi, eu me levantei rapidamente e comecei a olhar em volta procurando a pessoa que havia falado.
Não encontrei ninguém e a pessoa soltou uma gargalhada alta provavelmente de mim e minha falta de sucesso ao procurar.
_ Assim você nunca vai me encontrar.
_ Quem está aí? _ Rebati impaciente.
_ Se você me encontrar, vai saber.
_ Aaaah, que ótimo!
_ O quê?
_ Estamos um pouco grandinhos pra brincar de pique- esconde, não acha?
_ Como pode saber se ainda não me viu? Posso ter cinco anos de idade.
Ele riu de novo. Parecia estar se divertindo.
O som da voz vinha do banco de madeira à esquerda do balanço, isso eu já sabia. Ele falou tanto que acabei notando, mas eu ainda não via ninguém e sinceramente não queria arriscar ir até lá pra checar.
Resolvi falar.
_ Olha... Sei que está perto do banco. Não consigo vê-lo, mas notei que sua voz veio daí.
_ Se tem tanta certeza por que ainda não veio até aqui?
_ Não sou curiosa e, além disso... Estou com medo! _ Admiti.
Ele riu outra vez.
Aquilo já estava me irritando!
_ Não acredito que ir até você vá mudar alguma coisa em relação ao seu medo até descobrir quem eu sou, mas vou até aí.
_ Obrigada. _ Agradeci sinceramente. Não queria mesmo ir até lá.
Observei a pessoa sair de trás do banco e se aproximar silenciosamente. Não deu pra ter certeza de quem era até ele estar a uns dez metros de mim.
_ Olá Ruiva! _ Ele disse assim que passou debaixo de um poste de luz, me revelando quem era não só por isso, como também pelo apelido com que havia se referido a mim: Ruiva.
_ Ah! Oi Pedro. _ Disse com mais alívio do que com a ansiedade e o nervosismo que normalmente me consumiam quando eu o via. _ O que fazia atrás do banco?
_ Aháhá! Se eu te contasse teria que te matar.
_ Não acho que tenha coragem, mas pode me matar desde que me conte. _ Desafiei sorrindo.
_ Eu estava... pensando.
Como? Pensando? Aqui? Agora? Isso não fazia sentido nenhum pra mim.
Olhei pra ele e ergui uma sobrancelha, cética.
_ Ta! Tudo bem! Eu estava me escondendo. _ Disse rápido e meio envergonhado.
Hã? Não esperava essa resposta.
Eu ri.
_ Se escondendo? Por quê?
Ele ficou sério.
_ Prefiro não dizer, se você não se importa.
Rapidamente me recompus.
_ Não. Claro que não me importo. _ Minha voz saiu baixa e eu fitava meus pés com um constrangimento claro.
Era óbvio que era algo sério e eu havia rido dele. Que péssimo!
_ Mas e você? Por que está aqui? _ Disse já sorrindo novamente. _ A festa é lá na frente e geralmente as pessoas se limitam a ficar no lugar onde tem música, gente e bebida.
Eu ri de sua avaliação antes de responder vibrando por dentro por ele já ter se esquecido do incidente anterior.
_ Na verdade não foi planejado. Eu estava procurando um lugar onde eu conseguisse ouvir o que a minha mãe dizia do outro lado da linha e acabei chegando aqui.
Ele apenas assentiu com a cabeça e eu voltei a olhar tudo.
_ Na verdade não me arrependo de ter achado este lugar. _ Disse distraída com tudo.
_ É... É lindo!
_ Pena que não vou voltar a vê-lo.
Ele sorriu.
_ É... É bem provável que não.
O olhei e ele estava olhando pra mim.
Fiquei vermelha.
_ O que foi?
_ Nada. É só que você é diferente.
_ Ah, claro. Você quer dizer que não sou como essas líderes de torcida maravilhosas que você convive. _ Disse sem poder evitar fazer uma breve careta ao mencionar o termo “líderes de torcida maravilhosas”.
Ele riu.
_ Bem, é quase isso. Só substitua a palavra “maravilhosas” pela palavra “enjoadas”. É claro que há exceções, mas são poucas.
Demorei um pouco até acreditar que ele havia realmente dito aquilo.
_ Então, sendo assim, sou diferente como?
_ Você parece ter conteúdo.
Ele ainda sorria e eu sorri pra ele também.
_ Ah sim. Obrigada.
Meio desconcertada com o elogio, voltei a olhar a paisagem sem me cansar. O engraçado era estar ali com o Pedro e isso me parecer normal. Não havia nervosismo ou pernas tremendo. A minha voz não falhava ao sair e eu me sentia bem, mas segura. Havia somente a paz anterior só que triplicada, uma felicidade que eu não sabia de onde vinha, mas que estava ali e uma sensação de que tudo estava em seu devido lugar e de aquilo era pra estar acontecendo.
Como tudo que é bom dura pouco, meu momento com o Pedro acabou quase que imediatamente quando meu celular tocou.
Era a Ciça.
_ Oi Ciça.
_ Amiga onde você está?
Ela parecia preocupada e eu tentei tranqüilizá-la.
_ Relaxa, estou bem. A apresentação já terminou?
_ Já. Há séculos, aliás. Te procurei em todos os lugares e não te achei em nenhum deles. Estava desesperada demais pra me lembrar do celular. Pensei que tivesse ido embora.
Êpa. Ela disse que a apresentação já havia terminado há séculos? Há quanto tempo estávamos ali?
Olhei o relógio... Eram exatamente 23h00min!
Pelo jeito o que era bom nem sempre durava tão pouco.
_ Não, não. Ainda estou aqui. Vou até aí. Onde você está?
_ Perto do portão. Minha mãe está esperando no carro aqui na frente. Venha rápido Morango.
_ Ok. Chego em cinco minutos.
Desliguei o celular e olhei pro Pedro que esperava quieto.
_ É... Tenho que ir. _ Disse pesarosa, olhando o jardim.
_ Uma hora eu também terei que ir... _ Disse tão ou mais pesaroso que eu.
Eu ri. Era óbvio que aquele lugar era especial pra ele. Só não sabia o porquê, mas com certeza os motivos eram bem maiores do que só a beleza do lugar.
_ Foi legal olhar o horizonte com você. _ Ele disse com um meio sorriso.
Retribuí sem graça, disse um “a gente se vê” e comecei a andar em direção ao corredor escuro da lateral da casa.
_ Aaah, só mais uma coisa... _ Me lembrei, me virando de novo pra ele já um pouco longe. _ Por que falou comigo hoje? Quero dizer... Se você tivesse ficado quieto, eu nunca saberia que esteve aqui e muito menos que estava escondido.
_ Você parecia curiosa demais com os detalhes. Achei que rodaria o jardim inteiro até ver tudo. _ Ele sorria.
Fiz uma careta pra ele em menção de protesto, sorri e sem me virar outra vez entrei no caminho escuro e só parei de andar quando cheguei até a Ciça.
Ela me olhava incrédula.
_ Você estava NAQUELE BECO ESCURO ali? COM QUEM? FAZENDO O QUÊ? AI MEU DEUS! NÃO RESPONDE!
Eu ri. Muito. E tentei explicar.
_ Não estava em beco nenhum Ciça.
_ Morango, eu vi você sair dali. Não tive uma alucinação. Olha pra mim amiga. Com quem você ficou?
_ Com ninguém Ciça. Eu estava...
Ela não me deixou terminar.
_ Vai mentir pra mim? Não acredito...
_ CARAMBA CIÇA! DÁ PRA CALAR ESSA BOCA POR UM SEGUNDO E ME OUVIR? _ Ela ficou quieta. _ Você já parou pra pensar que todo caminho tem um final? Você já viu o que tem atrás da casa?
Ela pareceu confusa.
_ Não, mas...
_ Mas nada! Se tivesse visto saberia o que aconteceu... Lá é lindo Ciça! É o jardim mais lindo que eu já vi! Se visse você também seria capaz de ficar lá durante toda a festa. Foi o que aconteceu comigo.
Ela me olhou envergonhada.
_ Desculpa amiga. Fiquei preocupada de você ter ficado com algum idiota... Eles podem ser idiotas, mas são bonitões e bons de cantada.
_ E desde quando eu caio em cantada?
_ OK. Desculpa. Foi mesmo um exagero. Vamos pro carro então? Minha mãe já está nos esperando há algum tempo.
E ao mesmo tempo em que concordei eu o vi sair do beco escuro na lateral e sorrir pra mim antes de eu me virar e sair portão a fora.
Ao entrar no carro, cumprimentei a mãe da Ciça e então vi o olhar da minha amiga pra mim e um sorriso malicioso tomou conta de seu rosto. Ela havia visto o Pedro saindo da lateral da casa e sorrindo pra mim, com certeza.
_ Então, o que te prendeu lá atrás foi a beleza do jardim, não foi? Ok. Eu vi bem. Vou esperar você me contar. _ Disse a Ciça assim que teve chance.
Revirei os olhos e me voltei para a janela.
Que ótimo! Ia começar tudo outra vez. E dessa vez eu não conseguiria convencê-la de que o que havia me prendido lá atrás tinha sido só a beleza do jardim.




~ ♣ ~



Continuação em breve.

Por Fernanda P. Sodré.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Eu estava sentada num balanço, no meio de um lindo jardim com todos os tipos de flores, pássaros e borboletas,e pequenos esquilos correndo entre os arbustos... Um pouco mais a frente havia um lindo chafariz com a estátua de dois cisnes apaixonados e a água que jorrava dele brilhava como pequenas gotas de critais. Então, em meio a toda aquela perfeição, eu ouço galopes e o vejo, lindo, em cima de um cavalo branco se aproximando de mim...
_ Como consegue ficar mais linda a cada dia? _ Pedro Paulo diz sorrindo e olhando fixamente em meus olhos.
Assim eu paro pra prestar atenção em mim e me vejo dentro de um lindo vestido leve, longo e branco, com os cabelos presos numa trança de lado, num estilo grécia antiga. Mas logo deixo de pensar em mim e me volto para ele, que está com as mãos estendidas pronto para me puxar para cima de seu cavalo.
Imediatamente seguro as suas mãos, e uma vez já montada em seu cavalo, agradeço ao elogio e pergunto:

_ Oras, então tu és meu príncipe encantado? Para onde queres levar-me?
Ele sorri, seu sorriso mais espetacular do que nunca, mas fica sério ao responder

_ Vou levar-te minha princesa, ao paraíso. E lá viveremos juntos e felizes para toda eternidade.
Eu me inclino para beijá-lo e completar a perfeição do momento, quando sinto uma força imensa que me puxa para baixo, estragando toda a minha felicidade e uma voz horripilante me ataca os ouvidos, como a voz de uma bruxa.
_ Sua Bruxa! Me solte! Sua Bruxa, BRUXAAAAAA!_ Eu grito sem parar. Mas aí o grito da bruxa fica mais agudo e dessa vez toda a linda paisagem some e se transforma numa triste sala de aula, onde eu me deparo com a cara redonda e vermelha da professora de biologia que não pára de gritar e com os alunos assustados olhando pra ela e pra mim.

_ Olha aqui, sua garotinha insolente, já é a terceira vez que eu te pego dormindo na minha aula e eu estava aturando, mas daí a me chamar de bruxa... Aaah isso eu não aturo, vai direto para a diretoria mocinha, AGORA!

[Aaah que ótimo! Eu estava dormindo em plena aula de biologia, de novo, e agora dei pra falar dormindo também? E agora vou virar piada na turma, pior, na escola... E ainda vou levar uma advertencia? ADEUS FESTA DE BOAS VINDAS NO PRÓXIMO SÁBADO! ADEUS CHANCE DE CONHECER MEU PRÍNCIPE LINDO! A MINHA MÃE VAI ME MATAR!]


Como não tinha outro jeito, peguei minha mochila e fui direto pro prédio A, onde a diretora já estava a minha espera. Por incrivel que pareça ela não me deu advertência, mas pediu pra eu evitar dormir em sala de aula.
Fiquei bem mais aliviada e voltei a pensar na festa onde eu encontraria meu Pedro Lindo, até porque, eu não comentei nada com ninguém, mas o motivo de eu estar dormindo mal, é ansiedade e nervosismo em relação a festa... Eu simplesmente não consigo dormir e aí acabo dormindo em sala de aula!
É uma coisa ridícula, eu sei. Mas não consigo controlar.

Saí da diretoria bem no momento que tocou o sinal do intervalo. A essa hora toda a escola já devia saber do acontecido, e eu ia ter que passar por todo mundo agora...

Virei o corredor que dava pro refeitório e tentei ser o mais discreta possivel, pra que ninguém me notasse, mas logo percebi os cochichos e todo mundo olhando pra mim.
Pra variar meus amigos sempre sentavam em uma das últimas mesas e eu teria que passar por todo o colégio pra chegar até eles, não tinha outro jeito, então fui o mais rápida que pude, esbarrando em algumas pessoas ao passar, que nem me preocupei em saber quem era de tanta vergonha que eu tava...

Sentei sem simplesmente falar nada, olhando pra baixo, mas percebi o olhar dos meus amigos pra mim... Olhei pra cima e eles estavam rindo da minha cara! Nossa... Bons amigos esses. Tive que falar.

_ Pô gente, eu já estou aqui, sem saber onde enfiar a cara e não tenho nem o apoio de vocês?

Mas percebi que eles nem me olhavam, aliás, eles olhavam pra trás de mim e quando eu olhei, não acreditei...
Era ele... O causador das minhas insônias, o protagonista dos meus sonhos, meu lindo, perfeito, maravilhoso Pedro Paulo!
E estava jogando pra cima e pegando um objeto, que eu logo reconheci como meu chaveiro de pelúcia... Surreal *-*

Me virei de volta pra mesa rapidamente, totalmente vermelha, e senti que ele havia parado bem atrás de mim... AI MEU DEUS!

_ Oi Ciça _ ele comprimentou.

_ Oi Pedro.

_ A sua amiga ruiva deixou cair isso aqui quando esbarrou em mim...

Era de mim que ele tava falando... AI MEU DEUS, AI MEU DEUS!
Me virei pra ele e ele estava com o sorriso mais perfeito do mundo, um sorriso que pela primeira vez estava direcionado pra mim... E aí me estendeu o chaveiro.

_ Obrigada _ eu disse pegando o meu chaveiro, super controlada pra não cair pra trás.

_ Nada ruiva... E... Você é muito corajosa... Toda a escola já está comentando o que você falou pra professora mais cedo. Muita gente queria estar no seu lugar e nunca teve coragem, inclusive eu... Mandou bem.

E depois de todo esse discurso inacreditavel, ele terminou assim: "Já gostei de você... A gente se vê."

A minha primeira reação foi de uma surpresa enooooorme!
Quer dizer então que eu não estou sendo motivo de piada no colégio e sim "a menina corajosa que enfrentou a professora!"
Todos estão falando de mim sim, mas estão falando bem!!!
E esse mal entendido ridiculo me proporcionou 15 minutos de popularidade na escola, um esbarrão no meu príncipe e elogios dele... *--------*
Nem acredito!

_ ÓOOOH, Moranguinho, ele já gostou de você heein... _ Implicou Ciça, me fazendo acordar.

Eu ri.

_ Po, aquela coisa toda pra ir lá falar com o garoto e ele que acabou vindo aqui falar com você... Te disse que não era um bicho de sete cabeças, não disse? _ Duda se manifestou logo.

_ Tem alguém aqui que vai sonhar hoje. _ Dii falou sorrindo.

Mas eu não tava nem aí... O que tava importando pra mim agora era aquele Deus grego vindo falar comigo... Ai ai ai, que sonho...
E foi tão bonitinho ele me chamando de ruiva;
E ele disse que gostou de mim *-*
E eu consegui me controlar super bem e não demonstrar nadinha do que eu sinto por ele!
Aaaah, que sonho, que sonho, que sonho *o*

_ Morango! Pára de viajar e vão bora que o sinal já tocou tem uns cinco minutos! A gente tem aula de História agora e você sabe como aquele professor é chato com atrasos...

_ Tá legal Ciça, to indo... _ Eu me levantei sorrindo. _ Nem um dia inteiro de aulas de História acabariam com a minha felicidade!

E fomos andando pela escola, ouvindo os cochichos que já não me incomodavam mais.



~ ♣ ~




Por Fernanda P. Sodré.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Prêmio Dardos


Recebi este selo da Caarol (http://theeverythingandnothing.blogspot.com/).
Aaaaah minha amiga, que aguenta as minhas vovózices... Se não fosse por você, esse blog nem existiria. Obrigada amiga, eu te amo

Que é Prêmio Dardos?
O Prêmio Dardos é um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Aqui vão as regras:

- Exibir a imagem do selo no blog.
- Exibir o link do blog que você recebeu a indicação.

Escolher 10, 15 ou 30 blogs para dar indicação, e avisá-los.


• Feliz sem mim -
http://felizsemmim.blogspot.com/
• Ou vai... ou sei lá -
http://meuamormeubem.blogspot.com/
• :D -
http://blablabla-euteamo.blogspot.com/
• Paixão por livros - http://paixaoporlivros-vick.blogspot.com/
• Adoro romances em Fortaleza -
http://adororomancesfortaleza.blogspot.com/



Por Fernanda P. Sodré :*


domingo, 2 de maio de 2010

Oportunidade

Depois de cantar o hino nacional no pátio, subimos para as duas primeiras aulas de Física. Tivemos uma aula vaga e duas de Português antes do intervalo, e descemos para a praça de alimentação do prédio A, pegando nossas comidas e procurando um lugar bom pra sentar.
Então, ele apareceu para iluminar meu dia... Pedro Paulo de Oliveira Rangel.
Era impressionante como mesmo com aquele uniforme ele ficava PER-FEI-TO!


O meu Pedro-lindo tinha os cabelos lisos castanhos, os olhos cor de mel, um corpo mega malhado tudo de bom, a boca desenhada; era craque no futebol, na natação, no vôlei; saltava de pára-quedas e acampava, e além disso tudo tocava violão e sabia cantar *-* Não era fofo o meu Pedro Paulo?

A parte ruim disso tudo é que as meninas, todas da escola, caem matando em cima dele... E eu... É verdade, e eu? Ele estuda na minha classe desde cinco anos atrás e NUNCA me notou! NUNQUINHA! É... isso é o que acontece quando uma anônima se apaixona pelo príncipe.

E como se não bastasse tudo que sinto quando a realidade me empurra pra essa conclusão terrível, lá estava Beatrice, indo na direção do meu Príncipe que já estava em uma mesa, sorrindo e acenando pra ele. Pra concluir, ela se convidou pra passar o intervalo com ele, se sentou ao seu lado e eu parei de olhar.


_ Atirada! _ Murmurei enfiando o garfo no empanado gelado.

A Duda ouviu.

_ Por que ao invés de ficar aí, olhando a vaca da Beatrice se jogar em cima do seu Pedro-lindo, você mesma não vai lá puxar assunto com ele?

_ Ah claro Duda, farei isso agora mesmo _ ironizei sem tirar os olhos do empanado.

_ Eu estou falando sério.

_ Como se isso fosse fácil...

_ Morango, ele é só um cara... Por que acha tão difícil falar com ele?

Só um cara? Como assim só UM cara? Me indignei.

_ Duda, helo-ou... Ele não é só um cara, ele é O CARA mais lindo-tudo de bom-popular-perfeito-disputado do colégio! E nunca me enxergou em cinco anos! Por que acha que ele vai querer falar comigo agora?

Diego bufou ao ouvir o que eu dizia e Ciça, que não havia levantado os olhos um momento sequer da sua revista de moda, resolveu dar a sua opnião:

_ Ele é super simpático amiga, e muito divertido também. Duvido que ele vá te distratar se for falar com ele. _ Disse com a voz baixa e calma, voltando-se pra sua revista logo depois.

Eu sempre quase me esqueço que a Ciça também é popular e de que ele fala com ela.

_ Tá vendo Morango? Tenta ir lá falar com ele... _ Duda voltou a insistir.

_ Qual a parte do "não vou falar com ele" você não entendeu? Caramba Duda, não é difícil! Eu nunca vou falar com ele. É mais fácil, eu chegar na lua de escada, ou eu beijar o Lucas Santiago, maior cantor de todos os tempos, na boca, do que ir lá falar com Pedro Paulo de Oliveira Rangel. E acabou o assunto.

Pronto! Estava feito o silêncio. Ninguém falou mais nada, mas eu sentia o olhar da Duda em cima de mim... Aquele olhar me chamando de covarde, boba, medrosa... E o silêncio começou a me incomodar.

O sinal do fim do intervalo tocou e eu corri pra minha sala de artes no prédio C, enquanto a Ciça ia pra aula dela de Geografia, e a Duda e o Di iam pra turma das aulas extras de Matemática, por que tinham ficado de dependência na matéria que eu considero a mais fácil do mundo.


A minha aula de artes passou rapidinho e o sinal da saída tocou. Saindo da sala dei de cara com Beatrice, grudada no Pedro ¬¬' Tentei ignorar a cena e continuei andando.
No portão encontrei a Ciça esperando pela mãe e me juntei a ela esperando o Di e a Duda que já estavam saindo também. Assim que eles chegaram, o carro da mãe da Ciça buzinou parando do outro lado da rua.
Ela se despediu de nós e entrou no carro, Duda também se despediu já descendo a rua no seu skate, e Di e eu fomos pra casa caminhando e conversando como sempre fazíamos.

Ele me contou que a matéria da dependência estava muito difícil, mas que a professora era loira e gostosa (linguagem de homem! oieoieoie). E comentou também que tinha o nome do meu príncipe na lista de chamada de aulas extras de Matemática, mas que ele não estava na sala. Provavelmente estava matando aula, e eu não queria pensar que havia sido com ela, então resolvi parar de pensar nisso, pelo menos agora...
Mas voltei a realidade assim que cheguei em casa, com o meu celular fazendo o toquezinho de que havia chegado mensagem. Era da Ciça e dizia apenas: " Abra agora o seu e-mail."

Curiosa, fui direto pro computador, onde abri minha caixa de entrada do e-mail, e vi um e-mail novo da Ciça. Abri. Li, reli, e não acreditei... Estava escrito assim:


" Amiga, você não sabe o que aconteceu...

Antes de irmos pra casa, a minha mãe parou no meu curso de inglês pra pagar a mensalidade e resolver mais umas coisinhas na reunião de pais, e adivinha quem chegou lá?
Seu príncipe: Pedro Paulo de Oliveira Rangel!

Como você ja sabe, ele também faz curso lá e a mãe dele tinha ido pra reunião também então tivemos tempo para conversar um pouco e eu consegui descobrir umas coisas que você precisa saber...

1º Relaxe, ele não está namorando a Beatrice, nem ficando com ela... Me disse que até ficou com ela nessas férias e tal, mas que ela é muito controladora e assim não dava pra ele... Só que não sabe como se livrar dela, já que ela vive no seu pé... O que a gente vê que é uma absoluta verdade!
Ela é mesmo deprimente! aff ¬¬'

2º Ele também não está com mais ninguém e me disse que acha muito chato essas meninas da escola correndo atrás dele e que não se interessa por NENHUMA. O que ele quer mesmo é se dedicar a esse último ano na escola, ao futebol e a natação.

 Fofo né *-*

3º Ele me disse que no sábado a noite, teria uma festa de boas vindas aos novos integrantes do time de futebol da escola e que queria muito que eu fosse, porque um amigo dele tinha gostado muito de mim e queria me conhecer...

Eu normalmente jamais aceitaria isso, ainda mais sabendo que a Beatrice ofereceu a própria casa para a festa, mas eu tenho que estar lá porque faço parte do grupo de lideres de torcida do time de futebol da escola, e porque eu tenho uma amiga que adoraria muito ir nessa festa pra conhecer o seu príncipe encantado...

E aí amiga, topa?

Bem... de qualquer jeito eu já falei de você pra ele, e ele vai colocar os nossos nomes na lista...

Nós vamos sim!!

PS: Quando eu pedi pra levar uma amiga e disse que não era conhecida ele disse: "Uhm... amiga é? Desde que você me apresente, ela com certeza estará na lista..."


É CLARO QUE EU NÃO IRIA! Pensei ainda olhando o e-mail com uma vontade enorme de matar a Ciça.
Mas que loucura é essa? Que que deu na cabeça da minha amiga? Eu? Numa festa dos populares do colégio na casa da Beatrice? Mas nem em sonho! E a Ciça que se prepare para ir a festa sozinha...

Nesse momento olhei pro papel em cima da mesinha de cabeceira... A minha listinha do que eu queria fazer esse ano, meu último ano, minha última chance.
Voltei os olhos pro e-mail, e pensei que eu poderia pensar bem se iria ou não na festa... Talvez eu até iria, se tivesse saco pra aturar a Beatrice... Ou para iniciar meu plano, conhecer meu Pedro Lindo... Aaaaaaaaaaaaah *------*

É... Quem sabe eu vá a essa festa...




















Pensando bem... Eu acho mesmo que vou.



~ ♣ ~





Por Fernanda P. Sodré.

domingo, 25 de abril de 2010

Volta as aulas!


Deitada na cama olhei o relógio e percebi que havia acordado meia hora mais cedo, o que era muito estranho, e decidi tomar logo um banho, antes do meu irmão acordar e ocupar o banheiro.
Calmamente tomei meu banho, sequei os cabelos, vesti o uniforme e fui a primeira da familia a sentar para tomar café da manhã.
Ao chegarem a cozinha meus pais estranharam aquela pontualidade, claaaaaaaro, e eu ignorei a cara de espanto dos dois.


_Bom dia pai, bom dia mãe! _ Disse terminando de comer um pedaço de bolo e bebendo um suco rapidamente. _ Já estou saindo.

_ Mas que pressa é essa Cássia Maria? Você está no horário, não precisa correr.

Cassia Maria? arg, arg, arg mil vezes! Eu odeio esse nome, não sei como a minha mãe pôde fazer isso comigo! Me chamam de Morango desde que eu me entendo por gente (por causa dos meu cabelos ruivos e das minhas sardas) e eu nem tenho cara de Cássia Maria!

_ É Morango mãe! Mo-ran-go, entendeu? Cássia Maria é HORROROSO! E eu to indo agora porque vou passar na casa do Diego antes da escola.


Ela ficou parada, visivelmente aterrorizada pela crítica ao nome que ela me deu, mas Cássia Maria era mesmo um nome horroroso. Ignorei aquela reação pegando a mochila e abrindo a porta.


_ Beijo mãe, beijo pai! _ Foi a última coisa que eu disse já do lado de fora.


Cheguei bem rápido na casa do Di, que tinha voltado de viagem dois dias antes, e toquei a campainha.

_ MORANGOOO! _ ele gritou depois de me ver pela janela.

Acenei pra ele e depois ele desapareceu de vista, reaparecendo na porta já me dando um abraço de urso que eu fiz questão de retribuir. Era incrível como já fazia 2 meses que eu não via aquele garoto!

_ Ai garoto, que saudades! _ disse assim que ele me soltou.

_ Eu também Ruiva! Como você ta?

_ To bem, mas e você? Suas férias? E os shows? O fã-clube?

_ Vou pegar minhas coisas e te conto no caminho.

Não demorou muito ele estava do meu lado, me contando sobre as férias dele e caminhando comigo para a escola.

O Di era um tipo de tiete da Ivete. Fazia parte de um fã-clube e seguia a cantora durante as férias inteiras, que era o único período que ele tinha para acompanhar o grupo fanático por causa da escola. Ele era tão louco por ela que juntava dinheiro o ano inteiro só pra gastar em passagens, hospedagem, ingressos e abadás, mas em compensação tinha fotos com ela autografadas e o reconhecimento da cantora que já tinha até citado o nome dele num show e cantado parabéns pra ele num programa de rádio. Ele sempre chegava das férias cheio de novidades, de com quantas garotas ficou; de alguns shows da Ivete internacionais que rolavam pra ele ir; das cidades maravilhosas que ele mal conhecia por causa do pouco tempo que o fã-clube ficava hospedado, já que a cantora tinha uma agenda completamente lotada; de artistas que viu, conheceu e tirou fotos nos shows; dos pratos típicos que provou nos lugares por onde passou e de como tudo tinha valido muito a pena. Sempre achei que o Di tinha muita sorte por levar a vida assim, tão inconstante, por ele ser tão feliz.


Diego e eu conversamos tanto que nem reparamos estar na rua da escola. Reconhecemos de longe o palio prata da mãe da Ciça estacionado em frente a escola e começamos a andar mais rápido para falar com ela.


_ Ciça? _ Chamei batendo no vidro do carro.

Ela abriu a porta e me deu um abraço, depois Diego se juntou a nós.

_ Ciça, seu cabelo ta enorme, quase do tamanho do meu, caramba! _ Falei com as mãos no cabelo dela. _ É aplique?

_ Credo amiga! Você sabe que eu ODEIO falsificação... Isso aqui foi uma hidratação milagrosa do Rick, meu cabeleireiro. Ele é ótimo né?

_ Demais amiga! _ concordei.

_ E você hein Di? Curtiu muito as micaretas? _ Ciça se virou pro Di ao falar.

_ Sempre né loira. Ivete é minha musa, cês tão cansadas de saber... E as suas férias? E o sul? Eu achava que era impossível você ficar mais branca, mas você ta quase da cor da Morango...

_ HÁHÁ _ Ironizei.

_ Aaaah o Sul é perfeito. O nível é bem mais alto do que o daqui, os homens são mais bonitos, as pessoas são mais educadas...

Nesse momento ela desviou os olhos pro portão, e eu as vi, Beatrice e suas "seguidoras", cercadas de meninos, fazendo poses, dando risinhos falsos e entendi de quem a Ciça estava falando.

Era esse o mais impressionante da Ciça: ela era patricinha, fazia parte do grupo de lideres de torcida da escola, era popular, e odiava a Beatrice tanto quanto eu, não fazia o que ela queria, e preferia andar com o nosso grupo do que com os populares do colégio. Pra mim, ela tinha total chance de acabar com o reinado daquela perua e só não fazia isso porque não queria, afinal, a Ciça era perfeita pro cargo. Ela conseguia incomodar a Beatrice por não "obedece-la", mas jamais poderia ser tirada do grupo de lideres de torcida já que era tão boa ou melhor que a própria líder nas coreografias e além de tudo era comunicativa, linda, tinha classe e era humilde. Ela era uma grande ameaça para Beatrice, alguns já haviam enxergado isso, inclusive a própria Beatrice.


Me virei para Ciça

_ Entendo o que diz quando se refere ao nível alto do lugar.

Com a ceninha do portão, só reparamos Duda chegando de skate, quando ela estava só a uns dois metros atrás de nós.

_ Fala aê galera, beleza? _ ela disse sorrindo.

_ Dudaaaa! _ abraço coletivo na Duda _ Beleza sim e você? e o campeonato de ioiô?

_ Gente, eu ganhei o estadual!

_ Sério? Ta brincando...

_ Sério Ciça, vou pro nacional agora, eu nem acredito que consegui.

_ Que perfeito Duda! Estamos mega felizes por você.

_ Valeu Morango. _ Ela sorriu e apertou minha mão.


O estilo da Duda era beeeeem esquisito: Camisões de bandas, número GG (do tipo, "não olhem pros meus seios"), Calças largas, concerteza uns dois números maiores do que o número que ela veste ( do tipo, "desiste cara, eu não tenho bunda") e tênis... Ela NUNCA mudava isso. Nem na escola, nem no parque, nem na praia (onde ela tirou no máximo os tênis), nem nas festas do colégio, nem no casamento de sua mãe ( que nunca mais quis dar festas por causa disso), nem em nenhum outro lugar. Ela também não penteava os cabelos (que havia dois anos, tinha cortado bem curtinho, porque, segundo ela, atrapalhava ao fazer algumas coisas), não pintava as unhas e nem usava maquiagem... De costas, qualquer um podia jurar que era um menino. Ela adorava motos, skate, violão, joguinhos de computador, bonés, figurinhas e o ioio, desde que foi a um campeonato com os primos e descubriu que conseguia fazer com facilidade as manobras que viu lá... Na verdade, nenhum de nós entendíamos o porquê da Duda gostar tanto desses campeonatos com iôiô... Tanto eu, quanto o Di e principalmente a Ciça, achavamos isso super estranho, mas nós tínhamos que concordar que tudo na Duda era estranho (pelo menos pra uma menina), e que se nós a amavamos assim mesmo, era porque, pra nós, essas coisas não contavam em nada!


Ainda apertando as mãos da Duda, olhei meus três amigos parados ali, e percebi o quanto eu estava feliz por estar com eles outra vez...


Nessa hora Dona Gerusa apareceu no portão.

_ Daqui a um minuto ninguém mais entra _ Disse mau-humorada.



_ Nossa, esse humor dela não muda! _ comentei ainda olhando pra ela no portão.

_ Velha chata! _ Duda fez questão de falar alto, fazendo o resto de nós rir.

_ E então? Bora entrar galera?_ Diego lembrou _ Só temos 30, 29, 28, 27, 26...

_ É gente... Até por que, tem alguém aqui que não se aguenta de saudades de um tal menino chamado Pedro Paulo né?

_ Cala a boca, Ciça! Alguém pode ouvir!

_ Ta Morango, desculpa! _ e rindo, desviou os olhos de mim pro portão de entrada _ Vamos?

_ É... Bem vindos ao 3º ano galera! _ Eu disse... E Duda completou logo depois:

_ É... Bem vindos de volta ao hospício!




Então nós quatro nos olhamos desanimados e entramos na escola.




Por Fernanda Pereira Sodré.


























quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lista de coisas que quero fazer em 2010.



AAAAAAAAAAAAH, as férias estão acabando! :O

Acordar cedo, competir o banheiro com meu irmão caçula, aturar a chata da dona Gerusa no portão, suspirar pelo lindo-perfeito-maravilhoso Pedro Paulo de Oliveira Rangel sem camisa na aula de Ed. Física, aguentar a líder de torcida Beatrice Moura dando em cima dele e seu grupo de seguidoras irritantes, usar o uniforme horroroso da escola, continuar sendo uma anônima...
Tudo isso voltará a fazer parte da minha rotina amanhã.
Eu penso comigo: Calma Morango, você vai conseguir, é seu último ano. Calma, calma, calma.
E eu tenho que me lembrar que eu preciso cumprir tudo que está na minha lista de: coisas que eu quero fazer em 2010, e metade dessas coisas tem a ver com o colégio.

Deitada na cama, peguei a lista na mesinha pra olhar e analisar... De novo.
Estava escrito:

"Coisas que quero (e vou) fazer em 2010.
  1.  Ser notada *-*
  2.  Ir a muuuuuuuitas festas *-*
  3.  Conhecer meu muso, Lucas Santiago *----*
  4. Tentar tirar notas boas e passar de ano *-*
  5.  Ir ao baile com meu Pedro lindo *----*
  6.  Ficar linda pro baile *-*
  7. Tentar não odiar a Beatrice Moura...
  8. * ... e como sei que não vou conseguir não odia-la, atropela-la com um caminhão *--*
  9. *Conseguir sair num cruzeiro de ano novo com os meus BFF's *---* 
  10. *Levar meu Pedro lindo comigo (namorando com ele) *--------*"
Terminei de ler e pensei de novo, como eu iria fazer tudo isso?
Como coisas que eu não consegui fazer em toda a minha existencia, como: ser notada e ser notada pelo Pedro Paulo, conquista-lo e desbancar a Beatrice, seriam feitas em apenas um ano?

Parecia um tempo tão curto... PÂNICO, PÂNICO, PÂNICO!

Mesmo assim, sabendo que eu ia ter um trabalhão, ja tinha decidido que ia tentar...
Não tendo nada a perder e tendo o Pedro a ganhar *-*, eu estava muito bem incentivada e não ia desistir tão fácil, não mesmo!
Olhei o relógio e percebendo que estava tarde, fechei os olhos decidida, pensando no meu lindo-perfeito Pedro Paulo *-*




Continuação em breve. LEIA!
Fernanda Pereira Sodré.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Estranha Fama


Morango é uma menina de 16 anos, aparentemente normal, que mora com os pais em Niterói e trabalha na padaria da família nos finais de semana.
Seu maior sonho é: Ser notada pelo mega lindo-maravilhoso-perfeito Pedro Paulo de Oliveira Rangel, capitão do time de futebol da escola, vencedor regional do campeonato de natação e super disputado pelas meninas da cidade!
E seu maior problema é: Ele namora com a líder de torcida, linda, loira, popular, sonho de consumo de qualquer garoto e insuportável, Beatrice Moura...
E ela? Não passa de uma anônima, uma desconhecida que seu príncipe nunca, nem em suas maiores ilusões,vai notar...
Até que com uma foto tirada por um paparazzi, dela em um encontro inocente e nada planejado com o ídolo teen do momento Lucas Santiago, e publicada no jornal de maior repercussão do estado, ela passa de uma adolescente normal e anonima à namorada e nova paixão do cantor!
Agora, ela terá que lidar com uma fama repentina, repórteres e fotógrafos, perguntas indiscretas e pedidos de autógrafo de fãs alucinadas e até com um convite tentador para um encontro, desta vez verdadeiro, com o cantor dos sonhos de qualquer garota e a uma proposta irrecusável.
Para resolver o rumo que a sua vida deve tomar, e conhecer seus verdadeiros desejos, Morango vai se meter em grandes confusões com seus melhores amigos Ciça, Duda e Diego, vai acabar tendo a chance de conhecer um Pedro Paulo que ninguém nunca conheceu e vai descobrir que nem sempre a vida e o romance que todo mundo quer é a vida e o romance que ela quer ter.




Continuação na próxima semana. Leia!
Fernanda Pereira Sodré.